Uma paciente de 45 anos tem experimentado dificuldade de concentração, ansiedade e fadiga nos últimos quatro a cinco meses.

Ela associa um mal estar na cabeça a possíveis deficiências nutricionais devido a seu regime de jejum intermitente para perda de peso, no qual evita pão e consome poucos laticínios. A paciente perdeu peso por preocupação com síndrome metabólica, especialmente por histórico familiar de diabetes tipo 2.

Apesar de uma vida geralmente equilibrada e sem histórico de ansiedade, ela agora enfrenta ansiedade em situações cotidianas, descrevendo-a como agitação. O mal estar na cabeça se manifesta como esquecimento e dificuldade de concentração recentes, algo incomum para ela.

No exame feito pelo médico a paciente apresenta-se alerta e orientada, com boa conversa e sem aparentar desconforto. Seu exame físico é normal. Os resultados dos exames laboratoriais indicam níveis de gorduras do sangue ligeiramente elevados, especificamente no colesterol total, lipoproteína de baixa densidade (LDL) e triglicerídeos, enquanto a lipoproteína de alta densidade (HDL) está abaixo do ideal para mulheres.

Os níveis de ferro e vitamina B12, assim como os resultados das provas de função tireoidiana, estão normais. A paciente consome significativas quantidades de líquidos diariamente, incluindo água, chá e café com cafeína.

Desde o início do regime para perda de peso, ela relata hábitos de sono alterados, indo dormir mais tarde e realizando mais atividades durante a noite. Ela atribui essas mudanças à sua dieta mais saudável, embora tenha aumentado consideravelmente o consumo de café desde o início do regime.

Discussão médica:

A paciente provavelmente está enfrentando problemas de sono devido à elevada ingestão de cafeína, resultando em ansiedade e névoa mental. Os resultados normais das provas de função tireoidiana tornam improvável a contribuição de distúrbios da tireoide ou anemia para seus sintomas.

A falta de sono, possivelmente agravada pela cafeína, pode ser uma causa da ansiedade.

O histórico de perda de peso intencional através de regime diminui a probabilidade de doença tireoidiana como causa da perda de peso.

O jejum intermitente, quando combinado com uma alimentação saudável, é tido como uma estratégia para perda ponderal e saúde, podendo trazer benefícios metabólicos, como redução da pressão arterial e melhora no perfil lipídico. No entanto, a implementação prática do jejum intermitente pode variar entre os indivíduos.

Apesar de potenciais benefícios, o jejum intermitente tem efeitos adversos, sendo desaconselhado para gestantes, nutrizes, pessoas com deficiência imunitária, demência, doença crônica ou crianças. Mesmo para aqueles sem essas condições, os efeitos adversos podem incluir hipoglicemia, tontura, fraqueza e perda de massa muscular, especialmente se a ingestão proteica for insuficiente.

A paciente incorporou práticas não recomendadas no jejum intermitente, como aumentar a ingestão de bebidas cafeinadas, entre as refeições. A cafeína afetou seu sono, contribuindo para a fadiga e dificuldade de concentração durante o dia. Os sintomas de ansiedade podem ser atribuídos à privação de sono combinada com os efeitos estimulantes da cafeína.